quinta-feira, 9 de outubro de 2008

américa, arquitetura e natureza

A Arquitetura deve responder nitidamente às situações fundamentais que amparam a vida humana. Essas idéias fazem com que nós, na América, tenhamos que nos reconhecer como portadores de uma experiência extraordinária: habitamos uma parte do planeta recentemente inaugurada no plano do conhecimento.

Nesse âmbito de raciocínio há uma dimensão particular, para nós brasileiros e americanos, que é o fato de termos uma experiência que se inicia com o mundo moderno. A idéia de modernidade, como dizem os mais amados filósofos, para nós americanos está centrada no discurso de Galileu sabre o Universo; na Reforma como uma porta aberta, larga contrafação e dogmática e paradigmas; na espetacular aventura que comprova as afirmações da ciência, as navegações. Nós, americanos, somos protagonistas particulares destes acontecimentos porque instalamo-nos nesses novos recintos descobertos como quem ocupa um planeta novo.

A aventura de ocupação desse território é, por outro lado, uma sucessão de horrores e erros trágicos, de escravatura, de extermínio das populações locais, do empreendimento colonial desmantelado o território. Essa história deixou, para nós brasileiros um desenho – no sentido material, gráfico – imposto pela colonização, a linha do Tratado de Tordesilhas, cujo o estigma deve ser contrariado.No âmbito da organização do espaço, enquanto arquitetos, consideramos a idéia de urgência,  de essencial e da oportunidade de fazer aflorar o fundamental, como o horizonte primordial da arquitetura, o horizonte da paz. Teremos que fundar nosso raciocínio na questão humanística da paz para engendrarmos nossos projetos que serão realizações de antigos desejos, fundantes do gênero no universo. Trata-se de estabelecer territórios reconfigurados para que os altos ideais humanos se efetivem. É uma resistência contra a miséria.  

A revisão crítica do colonialismo, quando à questão da arquitetura e do espaço habitado é fundamental para o estabelecimento de uma personalidade, da concretude do que seja ser homem contemporâneo para todos os povos do mundo. Vemos, na Europa, a recontrução de cidades destruídas por guerras infames, sempre as mesmas cidades. Nossos olhos se voltam para a idéia de construir as cidades americanas na natureza, estabelecendo novos raciocínios sobre o estado das águas, das planícies e das montanhas, a especialidade de um continente, novos horizontes para a nossa imaginação quanto à forma e o engenho das coisas que haveremos de construir.    

texto de Paulo Mendes da Rocha  

1 comentário:

iluminati disse...

nada mais animador do que uma pagina em branco, onde a historia começa como voce quiser =)